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quarta-feira, 28 de maio de 2008

Falei com o ANDRÉ

Nem sei bem como é que hei-de começar este post pois tenho receio que no final ele seja incoerente.
Ontem o meu filho ligou-me. Precisava de me pedir um favor. O que ele pretendia era que eu lhe desse o computador, para que no local onde se encontra, tivesse acesso à Internet. O computador que me pede, era o computador que ele utilizava, e que actualmente não é utilizado por ninguém.
Ao lidar com os meus filhos, seja com o André, seja com os mais pequenos, tomo praticamente todas as decisões, tendo como base, o que me dita o coração, o que nem sempre coincide com o que nos dita a razão. Por sua vez, o meu marido, toma grande parte das decisões racionalmente.
Para o meu marido, se ele queria utilizar os equipamentos ou ter as regalias que lhe são postas á disposição, não sairia de casa. A partir do momento em que sai de casa não pode continuar a querer ter os privilégios e recusar os “inconvenientes” da inserção no seu seio familiar. Se eu recorrer á razão, sou obrigada a concordar com ele.
Embora já sabendo qual a resposta do pai, decidi não dar uma resposta definitiva ao André, sem ter falado com o o meu marido. A posição dele foi a esperada.
Ao telefone com o André lá me foi explicando o porquê de ter saído de casa da Avó. Alegou que a avó, sempre que ele me mandava, ou recebia uma mensagem minha, lhe fazia a vida negra. De uma certa forma, embora subtilmente, proibia-o de ter contacto comigo, pois ficava sempre com uma crise de ciúmes!! Ele lá foi dizendo que jamais permitirá a alguém que o proíba de ter contacto com a mãe.
Para ser sincera gostei de o ver tão decidido nas suas posições …. Mas ao mesmo tempo fiquei na dúvida. Será que não me estaria a dizer aquilo porque sabe que eu gostaria de ouvir?? É que não me posso esquecer que me estava a pedir um favor.
Se efectivamente é verdade …. Parece que lá vão surgindo embora timidamente alguns dos valores que lhe incuti … se não for, então ainda temos um longo caminho para percorrer!!
O que eu não gostei, foi de ouvir o relato da sua vida …. Ao sair de casa foi pedir ajuda á Segurança Social (e juro que isto me faz uma grande confusão, custa-me a aceitar a dependência de uma instituição pública), para que lhe pagassem a renda do aluguer de um quarto.
Eles aceitaram, desde que, ele trabalhe, e claro, temporariamente (até perfazer os 18 anos que é já em Agosto). Actualmente, está numa pensão (nunca imaginei um filho a viver numa pensão, imagino sempre as pensões como locais degradantes, com ambientes promíscuos e com pessoas pouco recomendáveis, vai-se lá saber porquê). Pensa mudar para um quarto a curto prazo. Trabalha num Call Center … e é assim que vai vivendo.
Finalmente conseguiu a tão ambicionada liberdade, agora está por sua conta. Será que está feliz?? Não me pareceu!!!
Está habituado a um determinado nível de vida que não conseguirá alcançar … e penso que não estará preparado psicologicamente para abdicar disso!!
Ao mesmo tempo, fiquei chocada pela forma como falou da avó, pelo desprezo que revelou … afinal de contas aos meus olhos, a minha mãe, tem muitos defeitos, e estou convicta que muito tem prejudicado o André, mas aos olhos do André a avó não deveria ter grandes defeitos, pois tem suportado tudo aquilo que ele lhe tem feito, e que não tem sido pouco, e muito dificilmente ele encontraria uma avó com tanto “poder de encaixe”. Ela tem-lhe dado tudo, pelo não deixei de ficar chocada pela sua ingratidão.
Afim de lhe comunicar a posição do pai no que diz respeito ao computador, e porque já era bastante tarde, enviei-lhe uma mensagem, em que aproveitei mais uma vez para lhe dizer que ele nunca se esquecesse que o AMO MUITO. Recebi como resposta, o seguinte SMS:”OK, obrigado na mesma e eu também TE AMO MUITO mesmo e aquilo que eu mais queria era um dia mais tarde poder vir a morar contigo e com os meus manos mas com o meu pai não mesmo. Bjuz”.
Fiquei triste! Embora pai e filho nunca tenham conseguido manter uma relação saudável, continuo a achar que o meu marido foi, a partir do momento em que começamos a viver juntos, um bom pai, foi justo, e não poucas vezes, acabava por ser ele, a aceitar as borgas do filho, mas o André nunca conseguiu aceitar os limites.
Ao mesmo tempo fiquei com receio que o André não volte a pedir o que quer que seja, pois nos dois pedidos que nos fez, primeiro uma tenda de campismo e agora o computador, foram-lhe negados. Acho que é importante que ele não se esqueça que pode contar connosco, mas infelizmente não nos parece correcto estarmos a proporcionar-lhe as regalias da casa …. quando ele a abandonou. Será que estamos correctos? É que estou convicta que disponibilizando-lhe o computador, o mais provável seria ele acabar por o vender …. Assim que se sentisse mais “enrascado”. É que ainda não foi esquecido o episódio em que ele vendeu, o diskman, a playstation 1, todos os jogos da Play que tinha (e eram muitos) para angariar 55,00€ para ir ao concerto do Olá Love to Dance!!.
Estas tristes memórias, andam sempre a rodopiar no nosso espírito e teimam em não desaparecer. Vivemos num permanente estado de desconfiança, e isso é destrutivo e saturante!!
Só espero que estas vivências … o façam crescer, pois ou cresce enveredando pelo lado bom da vida ou é a destruição completa. Sinto-me que o meu filho tem o seu destino nas mãos. E sinto-me triste!!!

Filipa

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá querida,
Sinto-me triste de te dizer isto, mas ele está claramente a manipular-te! A tentar pôr-te contra a avó (que mal ou bem sempre lhe "aparou todos os golpes") e contra o pai (que com todas as falhas que alguma vez tivesse tido na juventude, tentou ser uma figura masculina na vida dele, um exemplo de seriedade, responsabilidade e trabalho).
"Dividir para reinar" é uma célebre frase e que, infelizmente, creio que se aplica claramente a este caso.
Muitos beijos

Elisabete disse...

Filipa, pelo k percebo há realmente uma tentativa de te ter a seu lado, criticando ker kem o tem ajudado, ker kem o tem tentado educar.
E acredito k seja muito complicado estar na tua posição.
Força para o dia a dia.
Beijocas

Mae Princesa disse...

Acho que fizeste bem amiga!!E quanto às coisas que disse da tua mãe não te esqueças o quão manipuladoras essas pessoas podem ser....Bj!

Patricia disse...

Apesar de não ser mãe, sei que «educar e amar» não sao sinonimos de fazer as vontades todas. Há que impor regras...

bjs e tem calma