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sexta-feira, 26 de março de 2010

AO ANÓNIMO

Ao anónimo que em resposta à minha afirmação : "A educação que incuto nos meus filhos é em geral a mesma" deixou a seguinte pérola:
" Se assim é, é preocupante, quanto mais não seja, a julgar pelos resultados de um dos filhos" ..... só me apraz dizer que efectivamente a educação que incuto aos meus filhos é de facto a mesma, sendo esta com toda a certeza muito diferente daquela que lhe foi transmitida, ou quem sabe senão até igual, mas que V.exa não foi suficientemente inteligente para apreender. O seu comentário revela para além de muitas outras coisas, uma enorme falta de conhecimento da realidade que o rodeia. É que caso ainda não tenha percebido (embora com grande pena minha) a EDUCAÇÃO NÃO É TUDO. Felizmente, posso com orgulho afirmar, que SEMPRE me foram tecidos elogios relativamente à forma como eduquei e geri as dificuldades do meu filho.
Felizmente (em parte) orgulho-me de ter passado por inúmeros psicologos, assistentes sociais, tribunal e instituições, e verificar que todos me estimam, respeitam e percebem que tenho feito tudo o que está ao meu alcance para o ajudar .... AJUDAR, ou seja, fazer com que seja íntegro, honesto, serio, trabalhador e auto-suficiente. Pena é que isto é aquilo que eu desejo para o meu filho, mas não é o que ele deseja para si mesmo .... e quando assim é: ....... limito-me a ouvir: desista Filipa .... ele não quer ser ajudado e enquanto ele não quiser, nada poderá fazer por ele!!!!
Desejo-lhe a si caro anónimo, que ao longo da sua vida, a sua educação e coragem cresçam, porque se há coisa que ensino aos meus filhos, é que assumam os seus actos (tal como eu assumo os meus, ao ponto de ter criado este Blog onde assumo com toda a franqueza os factos da minha vida e muitas vezes as minhas fragilidades), e que em circunstância alguma se escondam por trás do anonimato.

Espero sinceramente que nunca se venha a lembrar deste meu Blog e das coisas que aqui escrevo ... é porque a vida tem destas coisas ..... e os telhados, esses .... são de vidro!!!


Filipa

quinta-feira, 25 de março de 2010

A Rita

A minha filha é aquela princesinha com que todas as mães sonham e por isso mesmo, é um ser completamente diferente daquele que eu fui em criança. Todos quantos conhecem a minha filha elogiam a sua postura, o seu comportamento, e em especial a sua docura. É uma menina calma (deve ser a unica na família), ponderada, obediente e muito responsável. Eu, pelo contrário, sempre fui rebelde, desinquieta, teimosa, respondona e com uma energia inesgotável, embora devido a minha vivência fosse obrigada a ser desde cedo responsável.

A educação que incuto nos meus filhos, salvo as devidas diferenças, que se devem ao facto de serem seres diferente, é em geral a mesma.

Contudo a Rita, tem vindo ao longo dos anos, a manifestar algumas caracteristicas que não contava encontrar nos meus filhos.Por um lado a sua calma, deixa-me perplexa, pois com uma familia de stressados, espanta-me a forma como ela consegue manter a sua postura. No entanto, revela ao contrário de nós ... insegurança, que se manifesta numa incapacidade de se manter distante de nós. Faz questão que tenhamos de ter os olhos nela, perguntando-nos por exemplo quando brinca na praia se a estamos a ver. De minuto a minuto faz questão de confirmar que estamos atentos. Sinceramente, acho este comportamento perturbador. É também uma criança com uma baixa auto-estima. A Rita acha sempre que não é capaz de fazer qualquer coisa que lhe é proposta, mas a verdade é que quando ultrapassa o medo de arriscar .... faz tudo na perfeição. É uma criança muito exigente com ela, e ontem, eu própria não fui capaz de evitar comover-me. Ontem, pela manhã a Rita afirmava estar ansiosa, pois seria o dia em que receberia as notas das provas feitas na passada semana. Tentei tranquilizá-la, até porque eu, não tinha dúvidas que as notas seriam boas (depois explicarei).

Á tarde, aquando a chegada do autocarro, a Rita mal me avista, inicia um pranto que deixou todos os presentes perplexos, por não perceberem o que se estava a passar. Peguei-lhe ao colo, e segredei-lhe ao ouvido que tivesse calma, pois eu estaria ali, para a ouvir e ajudar.

Chegámos a casa e perguntei-lhe o que se passava, ao que a Rita de "beicinho" e com muitas lágrimas a rolar, me diz que recebeu as notas. Nas 3 provas tinha tido MUITO BOM (não havia excelente) pelo que eram as notas máximas. Aos soluços lá me foi dizendo que tinha tido, 91 e 94%, e que não sabia a outra nota, pois a professora esqueçera-se da folha da avaliação.

Naturalmente elogiei os resultados e perguntei-lhe porque estava tão triste se as notas tinham sido maravilhosas, e foi desconcertante ver a decepção da minha filha, quando me diz: "Estou triste comigo, porque eu queria ter 100%.

Resultado, chorava ela e chorava eu, sob o olhar de gozo do G, que acha que eu sou ... mariquinhas (naturalmente não sou, mas emociono-me com alguma facilidade).
Assim, tive uma conversa com a Rita, para que percebesse que as notas tinham sido muito boas, e que era normal não ter 100%. Contudo ela não se conforma ... pois é, segundo ela, sua obrigação ter 100%.

Esta situação, confesso não me surpreende ... mas preocupa-me muito. Quando exponho a situação a alguém, é-me dito que é bom que assim seja, pois é sinal que é empenhada e responsável. É verdade que é, mas a verdade é que a Rita, anda com os livros e os cadernos debaixo do braço para tudo quanto é sitio, a primeira coisa que faz quando se levanta é ir buscar os livros para fazer exercicios, quando está a ver TV está sempre a juntar as letras na tentativa de ler as legendas, arrumou todas as suas bonecas e brinquedos, pois não quer brinquedos, só quer livros e cadernos de actividades. É esgotante estar um dia com ela, pois só fala das letras, contas e afins. Quando em passeio não disfruta da paisagem, já que quer ir no carro a ler (já tem ficado mal disposta por isso mesmo).

Quando andamos num parque infantil, é frequente querer regressar a casa .... para fazer os trabalhos (e devora os livros num instante).

Quando a deitamos, assim que saímos do quarto, senta-se na cama, com as pernas cruzadas a ler e a fazer os trabalhos dos já muitos livros de actividades que temos adquirido. É demais ... e tudo quanto é em excesso ... não é bom. Este é um comportamento absolutamente obessessivo ... que me preocupa. A psicóloga da escola, não tem mãos a medir, pelo que (embora ainda não tenha falado com ela) é pouco provável que me possa ajudar. O G acha que estar a recorrer a um psicologo poderá não ser positivo (o G não nutre particular afininidade por psicologos), pelo que, é seu entender que devemos deixar andar e não dar importância. Eu pelo contrário, acho que até que alguém credível me diga que é normal (algo que duvido muito que me possam dizer) me devo preocupar.

Já algum de vocês se deparou com uma situação como esta? Se sim, agradecia se possível que me dessem a Vossa opinião.

Na minha modesta opinião, as crianças devem estar conscientes das suas responsabilidades, mas com 6 anos, há que cumprir as obrigações escolares, não esquecendo contudo, que são crianças e que estão na idade de brincar.

terça-feira, 23 de março de 2010

E hoje

... fiz algo que me dá um enorme prazer ... fui para a praia ... SOZINHA ... e aproveitei o solinho a bater nas costas e li, tricotei e dormi, dormi, dormi!!! Há que aproveitar para recarregar as baterias, já que se aproximam 2 semanas .... com as minhas pestinhas como companhia!!!! Que o tempo ajude, pois terei forçosamente de os ocupar, antes que me esgotem a pouca sanidade que ainda me resta!!!

terça-feira, 16 de março de 2010

Assim Andamos

Tal como milhares de Portugueses, no domingo também nós fomos ao encontro do sol. Fomos dar a volta "saloia" por sintra, e acabámos no guincho, escondidos atrás de uma duna, duma brisa teimosa que se fazia notar. Os míudos correram, brincaram na areia e por lá extravassaram a sua inesgotável energia. Já ao final da tarde fomos à praia de Carcavelos encontrarmo-nos com a H, S e S, para colocarmos a conversa em dia e convivermos um bocadinho.

Ontem, fui a uma entrevista profissional, que é a ultima fase de selecção relativa a um concurso público a que concorri no passado mês de Setembro. Dizem as más linguas, que andamos ali a passar o tempo, já que este concurso, teve em vista a colocação de pessoas que já estão a desempenhar funções, pelo que andamos a perder tempo. Não sei se será verdade ou mentira, a verdade é que, tenho prestado provas e as coisas têm corrido bem.

Simultaneamente, tinha concorrido a um outro concurso, para o qual fiquei seleccionada. Embora as técnicas fossem de opinião que eu não teria perfil para desempenhar as funções inerentes, fui colocada, e deveria ter iniciado funções no passado dia 17, mas tal como elas, também eu entendi que não estava "talhada" para aquela função, pelo que, concerteza não seria "boa profissional". Assim, achei por bem ... não ir. Sempre, durante o meu percurso profissional, foi considerada boa no que fazia ... pelo que, não seria agora, que me sujeitaria, por falta de vocação, a ser razoável.

Aguardo agora os resultados finais deste último concurso!!

Hoje, a minha filha terá a sua primeira Avaliação (a tal da PRI, lol).
Acordou mal disposta, dando continuidade à má disposição de ontem. E estava mal disposta porquê? Porque SÓ teve suficiente na ficha que levou, e que era o TPC do Fim de Semana, isto porque segundo ela, a avó ensinou-lhe tudo mal!!! (lol) .

Resultado, esteve a tarde e o serão imprópria para consumo, ao ponto de se recusar a falar ao telefone com a minha mãe, por não lhe desculpar tê-la ensinado "mal"!!!
Hoje, a indisposição manteve-se. Perguntei-lhe se estava assim por causa da Prova que iria fazer. Disse-me que sim, desatou num pranto e a queixar-se com dores de barriga. Coloquei-a ao colo, falámos, tentei convencê-la que não iria ter dificuldades, já que tem sempre excelentes resultados.
Lá acalmou, quando a relembrei no orgulho que será receber o resultado da prova.

Ela foi mais confiante, já eu .... bem, confesso que estou nervosa!! Eu sei que é um disparate, já que estamos a falar de uma Prova de Avaliação do 1º ano do básico ... mas a verdade é que estou ....Pronto!!!! :)))
(Eu já vos tinha dito que não sou normal, não tinha?)

quinta-feira, 11 de março de 2010

PRIs ... alguém me explica para o que serve?ADENDA

Provas de Regulação Interna (PRIs) ... serve para quê? para avaliar os conhecimentos das crianças, ou o desempenho dos professores? alguém me explica?
E já agora, devo ou não dar conhecimento da existência das mesmas à minha filha?
E que estou num dilema. Conhecendo-a como a conheço, dar-lhe a conhecer que as provas são já para a semana, é meio caminho andado para que pretenda nos próximos dias "engolir livros e cadernos", mas omitir, para que não se enerve, também não sei se é uma boa solução. :(

Adenda - Coloquei este post pois recebi a informação da escola da minha filha com a indicação de que as provas decorriam para a semana, com a informação das disciplinas e respectivas matérias. Nos cafés do concelho o tema de conversa é as Pris prá frente e as Pris para trás, e eu até me convenci que esta minha mania de desistir de ver notícias, me impediria de conhecer atempadamente alguma nova invenção do tão criativo Ministério de Educação. Mas afinal, esta é uma invenção do M. Educação ou somente do Agrupamento de Escolas de Mafra?

Ora AQUI fica o link com as disciplinas e matérias para o 1º, 2º e 3º ciclo do Agrupamento das Escolas de Mafra.

quarta-feira, 10 de março de 2010

PARABÉNS S. (FLOR DO CAMPO)

Recados para Orkut

AMIGA,

Muitos Parabéns pelo teu Aniversário!!
Que muitos mais anos se sigam replectos de muita Alegria, Felicidade e Amor e sempre na companhia dos que mais amas!!
Há anos que não tenho o privilégio de te poder dar os PARABÉNS,
mas esta data esteve sempre gravada na minha memória!!!
BEIJINHOS COM VOTOS DE UM DIA MUITO FELIZ!!!

quinta-feira, 4 de março de 2010

E foi assim ...

QUARTA-FEIRA

O André foi trabalhar com o pai, esperando contudo ter alguns privilégios por ser família. Não respeitou o horário dos intervalos, escolhendo sempre as piores alturas para sair da loja. Veio à noite, zangadissimo pois tinham faltado 20,00€ da caixa, pretendendo imputar responsabilidades aos restantes colaboradores, com o argumento de que como sabiam do passado (muito próximo) dele, estavam a aproveitar-se da situação.
Tentei que mantivesse a calma, pois tinhamos que averiguar melhor a situação. Foi com facilidade que verificámos que tinha sido o meu marido que se enganara pelo que tudo estava certo, não faltanto dinheiro algum.
Não passou por isso de uma situação que causou algum stress durante o percurso Loja-Casa.

SEXTA-FEIRA

Como também fui para a Loja, aproveitei para ir com o André à Escola de Condução a fim de saber qual o valor da carta. Confesso que não estava à espera que fosse tão caro (750,00€ já com o manual incluido). Escusado será dizer que o André fez o percurso de regresso à Loja a falar alto e a esbracejar manifestando dessa forma a sua surpresa pelo valor solicitado. Estupidamente começa a dizer que então era melhor ir para a escola de condução ao pé da casa da namorada pois lá era substancialmente mais barato, esquecendo-se no entanto, que para que isso fosse possível, gastaria essa diferença em transportes. Já na loja, não se privou de dizer algumas "asneiras e bacuradas" tendo de ser chamado à atenção, para a maneira com que se manifestava, pois esquecera-se por completo, que para além da linguagem ser despropositada, estava no local de trabalho.

À noite ao sairmos da loja, preferiu fazer a viagem comigo, tendo achado que eu deveria partir para casa sem esperar pelo pai (pois segundo ele o pai sabe o caminho para casa), revelando uma enorme falta de educação e respeito.

Já em casa, o meu marido ao falar com a minha mãe diz-lhe que as maneiras do André são completamente despropositadas e que ele terá de fazer um esforço para mudar, pois a loja é o nosso "ganha pão" não podendo nós ter alguém a trabalhar que não adequa o seu comportamento ao local de trabalho.
O André em vez de estar caladinho, vem perguntar ao pai o que se passa, mais uma vez de uma forma inadequada, motivando uma acessa discussão, com o pai a indignar-se pela forma arrogante, insolente e pouco humilde com que o André "confronta" as pessoas. O André não esteve bem, mas a verdade é que o G também exagerou. O G saiu de casa, o André chorou, a minha mãe sentiu-se mal e eu andei em todas as frentes a tentar acalmar esta gente.

SÁBADO

Fomos todos para a loja, e à noite de regresso a casa, o André pressiona-me para que lhe disse-se quanto iria ganhar. Tenhamos-lhe dito inicialmente que se tivesse outro trabalho que não hesita-se pois o que lhe poderiamos dar não seria nada de muito significativo. Na verdade eu e o G ainda não tinhamos falado sobre o assunto, pois o pagamento seria efectuado em função da vontade (ou não) de trabalhar que o André manifestasse. Moeu-me o juízo a caminho de casa, seixando-me perplexa quando o oiço afirmar que "embora vocês não saibam ainda quanto me irão pagar, a verdade é que no mínimo sinto-me no direito de receber 650.00€ .... pois afinal são muitas horas.!!!

Cansada de argumentar que ele está no inicio, que não pode querer ganhar em função das horas de trabalho, que o objectivo do convite foi sensibiliza-lo para aprender um oficio, pelo que o investimento tem de vir dele, especialmente um investimento pessoal, sendo inevitável salientar que se de facto o dinheiro é assim tão importante não percebia porque é que tem estado há anos sem trabalhar.

Chegámos a casa, e sem rodeios, peço ao meu marido que decida rapidamente qual o valor que lhe iria pagar ao André, pois eu já estava cansada de o ouvir a tentar convencer-me que deveria ganhar 650,00€!!

E eis que o G lhe comunica que o sustentará na integra, e que lhe pagará 200.00€ para os seus extras( ex: tabaco). E com esta afirmação, quase que provoca a 3ª guerra mundial!!! O André não se conforma, e por mais que lhe expliquemos que é muito bom que tenha cama, mesa e roupa lavada e ainda lhe sobre 200,00 para os seus extras, ele entende que nós somos uns exploradores, não entendendo que ter uma casa, alimentação e roupas se traduz em muito dinheiro!!!

Afirmou que então não ia mais trabalhar para o pai. Iria procurar outro trabalho (estando ele farto de saber que pelas redondezas todos os trabalhos que ele poderia ter já os desperdicou e que alguns implicam ter transporte próprio, algo que ele
ainda não tem).

Estava assim a preparar-se para ficar em casa, fazendo de conta que procurava trabalho (à semelhança do que já fizera tantas outras vezes).
Foi informado que estaria à vontade para procurar trabalho, mas enquanto procura-se trabalharia com o pai, pois não estavamos disponíveis para o tolerar em casa a dormir a jogar PC ... todo o dia.

Segunda feira fomos tirar o cartão de cidadão.

Segunda feira à noite pergunta-me: então como é que é? Como é que é o quê, respondi!!
"Amanhã tenho de ir trabalhar? disse-me. Naturalmente .... respondi.

A verdade é que o despertador tocou vezes sem conta, fingindo o André que não o ouvira. O G passou-se e disse-me que o acordasse e que o convidasse a sair, porque mais uma vez, ele pretendia viver à conta do trabalho do pai, pois se de facto tivesse vontade de trabalhar, não recusaria um trabalho que apesar de ter um extenso horário lhe permitiria viver dignamente e com a vantagem de ainda lhe sobrarem 200.00€.

Após os míudos terem saído para a escola, peço ao André que se levante, porque dada a sua postura e notória pouca vontade de trabalhar, não poderia continuar connosco. Tentámos dar-lhe mais uma possibilidade de se erguer, mas continuamos indisponíveis para sermos pais martires e termos em casa um homem que não quer trabalhar, mas que também não se manifesta disponível para se conter nos gastos e vícios.

Para além disso, sentir-se no direito de receber 650,00€ era uma afronta a quem há anos trabalha com empenho e profissionalismo e não aufere esse valor, denotando assim um perfeito desconhecimento das dificuldades em obter trabalho e dos chocantes vencimentos que muitos pais de família auferem.

Escusado será dizer que destilou todo o seu veneno, chamando-me nomes feios, que estranhamente me fizeram sentir que nós estamos no caminho certo, ou seja, enquanto ele sentir que nós somos diferentes dele ... é bom sinal. Preocupante seria, se ele sendo como é, nos tivesse na mesma conta.

Assim, mais uma vez, andaram sacos e malas de roupa para trás e para a frente ... mas ele saiu com uma nota de 10,00 no bolso (eram 10.00 da manhã)
Às 23:00 tocam à porta. Era ele (andou o dia todo nos cafés das redondezas e só a esta hora vinha tentar entrar em casa), mas felizmente teve o bom senso de não voltar a tocar, pois o pai estava pronto para resolver a situação à chapada!!

Às 5:45 da manhã, quando o G abre a porta para ir para o trabalho, eis que lhe surge o filho implorando que o deixasse ir trabalhar. O G enfia-o dentro do carro e desloca-se à loja, levando todo o caminho a relembrar-lhe tudo o que ele nos tem feito passar, e fazendo-o ver que esta tinha sido a ultima oportunidade que lhe deramos, pelo que dada a sua postura, a sua forma de viver a vida, o desrespeito que revela perante todos, e ainda com tudo o que me dissera a mim, não havia mais hipotese alguma. Assim sendo, foi deixa-lo á porta da casa da namorada, pois tem ao longo de todos estes meses estado a viver, não no quarto alugado (o tal que teria de pagar senão vinha para a rua, tentanto assim chantagear a minha mãe) mas sim na arrecadação da casa da namorada.

Sei que o que aqui escrevo, e a forma com que escrevo poderá escandalizar muitos leitores. Creio que hoje já escrevo toda esta história de vida, de uma forma quase fria, distante, quase como se tudo isto fosse a vida de alguém que não a minha. Como se as personagens aqui relatadas não fossem os que mais amo.

Creio que foram os muitos anos de sofrimento, as muitas lágrimas derramadas que me muniram de forças, de defesas, quiçá de algum distanciamento, distanciamento esse que me permite ser muito mais racional do que emocional. Hoje, contrariamente ao que fiz ao longo de muitos anos, não sinto a necessidade de proteger um filho, tenho isso sim de me proteger e proteger os meus pequenos filhos de alguém que embora seja meu, não se identifica comigo, connosco, que não revela nada do que lhe foi incutido, revelando somente que todos os que se cruzam na sua vida, são meros peões que serão utilizados a seu belo prazer, para lhe proporcionar o que ambiciona.

É alguém que embora tenha tido muito mimo e muito colo, por opção sua decidiu que queria uma liberdade desmusurada que só a rua lhe proporcionaria. A rua, essa sua aliada, conseguiu destituí-lo de tudo ... até dos afectos!!