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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Do André

Como todos devem já ter reparado, há muito que tenho deixado de comentar neste blog as peripécias inerentes ao meu filho André. Não porque elas tenham deixado de acontecer, mas somente, porque me canso de aqui escrever estórias tão incriveis como as que se passam na sua vida.

Sintetizando, posso adiantar que na Páscoa me ligou, queixando-se de um dedo que estava com uma infecção, após se ter magoado no local de trabalho (trabalho? boa, afinal lá se fez luz naquela cabeça e lá se convenceu que o comum dos mortais para sobreviver tem mesmo de trabalhar ... pensei eu).

Ora se a cria estava com um doi-doi no dedo, o que faz uma mãe à distância de alguns kms? Claro vai a correr para se inteirar dos estragos. Assim fiz.
Desloquei-me a cerca de 40 kms, por bairros suspeitos e caminhos desconhecidos, mas lá cheguei.
O inchaço e tom do dedo da mão, fez-me ir com ele ao Centro de Saúde da área onde agora reside.

Escusado será dizer que embora já lá esteja a morar há alguns meses, nunca foi tratar a transferência do seu processo de saúde, por forma a poder ter um médico que o atendesse, numa aflição.

A administrativa do Centro, lá se esforço por explicar que ele tinha de ir à junta pedir um atestado de residência e blá, blá,blá, que eu às tantas já nem a ouvia pensando isso sim, numa alternativa rápida e eficaz, que assegura-se tratamento no doi-doi do menino!!

Enfiei-o no carro e desloquei-me novamente (+40 kms) para o meu local de residência, para ser atendido pelo nosso médico de familia (porque ele ainda consta do nosso processo).
Foi atendido, e foram-lhe prescritos comprimidos para as dores e anti-inflamatórios para ver se não seria necessário lancetar, e uma baixa de 3 dias (que jurou não ir utilizar por forma a não arranjar problemas e conseguir manter o emprego).

Fomos à farmácia. Comprei os medicamentos e em casa fiz questão que iniciasse a toma dos mesmos, ao que fez sem qualquer resistência.
Após umas horas de conversa, visitas e compras de meia duzia de peças de roupa de que ele necessitava, rumo de novo`ao local onde ele habita, para o deixar na sua casa (uma casa com uma história longa, e só para nós que ninguém nos houve, concerteza com um final triste).

Durante os dias seguintes, fui-lhe ligando para saber da melhoria do dedo. Tudo correu dentro da normalidade. O menino estava curado.

Umas semanas mais tarde, eis que em conversa com a minha mãe, ela me garante, que afinal o André, mais uma vez mentira, pois estava sem trabalho à vários meses.
Passei-me. Mais uma vez me senti traída, sentindo a punhalada bem presente.

Sinceramente, não me senti nada arrependida, pois quer ele estivesse no trabalho, quer não, eu teria feito tudo da mesma forma. Senti-me foi de facto enganada, e estupida por ter estado a ouvir mais uma vez as histórias da carochinha.
De facto o meu filho continua o mesmo mentiroso compulsivo de sempre.

Estive algumas semanas sem lhe atender os telefonemas pois estava sem vontade de me chatear e dizer-lhe o quão decepcionada estava.

Mas como mãe é mãe, e embora triste e decepcionada, não fico com a minha consciência tranquila, desprezando-o.
Passados uns dias, atendi uma chamada que ele me fez, e foi inevitável que lhe dissesse que já não tenho paciência, capacidade e pachora para as estórias que ele inventa.
Claro está que negou, afirmando que de facto trabalhara e que tudo o que contou era verdade.
Tempos passaram, em que eu fazia questão que não me tomasse por parva, e deslocar-me-ia ao local do seu pseudo trabalho para me certificar.
Agora não. Foram muitos anos de desgaste, de verdades, mentiras e de confrontos, tristes.

É por certo mentira ... mas pelo menos ficou a saber que eu sei que me mentiu!!

Enfim!!

Sabado, liguei-lhe (esta é talvez das coisas mais estúpidas e contraditórias que faço, mas embora não queira grande proximidade (já que ele abusa sempre) não quero que se sinta completamente abandonado, já que, percebo perfeitamente que para ele é importante manter os laços, pois está sempre a desafiar-me para que me encontre com ele).

Perguntei-lhe como estava, e eis que me responde: levei uma tareia, parecia um filme, mas está tudo bem!!

Senti-me logo curiosa, ansiosa e furiosa. Mas afinal seriam os filhos da p**** que tiveram o atrevimento de bater no meu filho? quem são, e onde moram, que eu vou já lá ajustar uma continhas.

Claro está que estes pensamentos, são meros devaneios que ocorrem por breves segundos.
Logo, logo "caio na real" e percebo que o meu filho, tem um estilo de vida propício a estes acontecimentos e provavelmente, em vez de uma tareia, deveria levar 2 ou 3, já que só faz disparates e engana as pessoas.

Comecei a questioná-lo, e eis que me diz que estava em casa com uma amiga, e que bateram à porta e ela foi abrir. Entraram 4 fulanos encapuçados e só perguntavam pelo amigo (que mora lá em casa, mas que na altura não estava) pois queriam cobrar uma dívida (claro está que a divida só poderia ser do amigo, dele, jamais). Como o amigo não estava, ele foi amarrado com uma fita (pés e braços) e deram-lhe socos e pontapés e partiram-lhe a cabeça, roubaram-lhe um telemóvel e foram-se embora.
Mas isso quando foi ? Prá aí há 3 dias, disse. (Eu juro que se me tivesse acontecido a mim, eu saberia exactamente o dia em que tal fatalidade me acontecera)


E tu, que fizeste? já foste à policia?, pergunto eu!! (Vá digam todos em coro .... Dahhhhhhhhh!!!!)
Pois, eu por vezes sou mesmo dahhh e esqueço-me que estas histórias ocorrem num mundo paralelo ao meu, com as suas regras tão próprias.

Acabou por me dizer que sabia quem eles eram, e que haveria uma desforra.

Mas espera lá, eles não iam encapuçados? perguntei!!
Sim, mas quando sairam eu fui à janela e já não tinham protecção e vi-os entrar no carro, sei quem são - disse-me!!! (ai caraças, que esforço que eu fiz para acreditar que os encapuçados se tinham descarapuçado)

Mas e a tua amiga abre a porta e não vê quem toca à campainha?, perguntei.Pois, é parva - respondeu.

Pronto, a minha cabeça já estava cheia de interrugações e nada nesta história me parecia fazer qualquer sentido, pelo menos contada desta forma.

Despedi-me, dizendo-lhe que se precisasse de algo me ligasse.

Fiquei triste, confesso. Indignada por possivelmente ter sido agredido, embora eu soubesse que se calhar "se pôs a jeito".
Chorei em silêncio longe dos olhares do meu marido, que ao saber me diz: olha só se perdem as que caem no chão!!

Ontem, andava eu a passear, telefona-me. Diz-me se podiamos ir ter com ele, almoçávamos e conversávamos um bocadinho. Vi-me "grega" para convencer o meu marido a irmos. Lá o tentei sensibilizar dizendo-lhe que embora não queiramos grande proximidade, temos no mínimo que fazer com que não se sinta abandonado.Fomos, e todo o almoço decorreu com ele a mostrar as roupas, tenis e telemóveis de marca (ostentando um estilo de vida que me complica com os nervos).



Quando questionado sobre o trabalho, diz-me estar a trabalhar nas obras pois o outro trabalho (o tal) obrigava-o a trabalhar fds, pelo que este permitia-lhe ter mais tempo.

Então e em que obras estás? Houve um compasso de espera e diz-me: não é uma obra fixa. Trabalho em várias. Todos os dias são diferentes.

Pronto, eu de obras não percebo nada e com um sorriso (que às vezes é tãooooo dificil) faço de conta que a resposta me convenceu!!


Socorro!!!


PS - De facto tem a cabeça partida .... algo que terá ocorrido por certo noutro qualquer cenário :(



Filipa