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sábado, 10 de janeiro de 2009

A Chantagem - 2ª parte

Continuação:

Estavamos perante uma chantagem, que tinha de ser ultrapassada para que o negócio fosse possível de concretizar.

Quer o sócio (detentor de 50% do prédio), quer eu, manifestámo-nos desde logo indisponíveis para avançar com um centimo que fosse, para cobrir a chantagem apresentada, mas um problema se colocava: ficaremos lesados à conta de um oportunista que nos quer extorquir dinheiro à conta do nosso próprio património?

Não. Só uma solução nos parecia à partida possível. Já que a mãe dos meus irmãos também é a detentora de 25% do prédio, e já que foi ela, que permitiu que o filho ocupasse abusivamente um espaço que é de todos, então que fosse ela, a pagar com o património dela, o valor que o filho exige, pois nós é que não podemos ficar lesados.

Falei assim com o meu irmão (do meio) sendo eu a mais nova, e o chantagista o mais velho, pedindo-lhe para falar com o chantagista e com a mãe (que é só deles) para ver se chegavam a algum consenso, nomeadamente se o dissuadiam da chantagem, ou, se chegavam a um acordo entre os três, para que o outro não inviabilizasse o negócio.

Contudo desde dia 19/12 que estava à espera do resultado dessa reunião e nada sabia. Acabei por saber ontem pela boca do meu irmão mais novo, que não iria haver reunião pois ele jamais queria estar na presença, ou falar, com um fulano que não lhe merece qualquer respeito e consideração, uma vez que continua a ser um homem desprezível que a todos envergonha.

Face a esta recusa, só me restou alternativa senão perguntar se me autorizava comunicar à mãe deles a existência de um comprador (já que fui eu que recebi a proposta de compra) e dar-lhe conhecimento da vergonhosa proposta do filho mais velho, ao que ele aceitou.

Coube-me então a mim a ardua tarefa de comunicar a uma senhora de 87 anos que finalmente tinhamos comprador. Aquilo que há partida seria uma boa notícia, vinha contudo envenenado, pelas condições exigidas pelo filho.

A senhora estava muito nervosa, dizendo-me que por ela estava tudo bem, mas sem ainda saber, e não me permitindo adiantar conversa, para lhe dar a conhecer as exigências impostas. Acreditem que foi duro, comunicar-lhe que o filho exige mais 22,000€ do que aqueles que tem direito para viabilizar o negócio, pois deparei-me com uma mãe frágil, em sofrimento, indignada mas não surpresa com as palavras que lhe dizia.

Chorou, interrogou-se o porquê de ter um filho assim, que percorre as malhas da vigarice, que a todos explora, e quer explorar, que vive miseravelmente porque não teve cabeça, mas que a vida em vez de lhe ter trazido humildade e arrependimento, apenas lhe trouxe sede de vingança e de dinheiro, vivendo só a pensar nas formas de o conseguir.

Consciente e perfeitamente lucida, lá me foi dizendo que por ela tudo bem, que pagaria do bolso dela a exigência do filho, tentando com o património dela camuflar a falta de escrupulos do filho. Estava triste e revoltada, e no meio do seu desespero avança com esta pergunta: Então mas quer dizer, afinal eu abdido do que é meu, para favorecer todos, mas ninguém se solidariza comigo?

Fiquei petrificada com aquela pergunta, e sem saber o que responder, pois a verdade nua e crua, era essa. Tentei suavemente confirmar essa sua afirmação, mas foi dificil, muito dificil fazê-lo. Esta proposta era de facto injusta, mas a verdade é que ninguém, provavelmente à excepção dela, poderia embarcar na satisfação desta chantagem.

Senti-me péssima, pois embora pondo-a à vontade para recusar, quando questionada com as consequências dela se negar a fazê-lo, tentei não expor de uma forma frontal e franca que a consequencia seria o filho ser posto na rua e nela comecar a pernoitar (para não a chocar e melindrar). Mas que direito alguém tem de dizer isto a uma mãe? Dizendo-o, não será isso uma forma de pressão? Penso que sim.

Expliquei-lhe que naturalmente daí advinham consequencias, mas que teria que ser o filho a assumi-las, e que ela, não seria obrigada a fazê-lo. Senti-me solidária com aquela mãe.

Foi uma mulher que sempre amaldicou o facto de eu ter nascido, mas a partir a partir do momento em que me tornei autonoma, consegui manter com ela um relacionamento saudável. É uma pessoa educada e séria, que toda a vida tem dado ao filho tudo o que ele pede ou exige, sempre na esperança de o ver bem, sempre na esperança que ele se emendasse, seguindo assim a política adoptada pelo meu pai.

Tem assistido com dor à decadência daquele filho, e por mais esquisito que seja, eu vejo que o sua dor, poderá ser a minha.

Aceitou, consciente que estava sozinha, pagar do seu bolso a totalidade do valor, não sem antes afirmar que se sentia mais uma vez roubada pelo filho e injustiçada pelos restantes que assim a deixavam sozinha pagar aquilo que "deveria" incumbir a todos. (esquecendo-se contudo que não incumbia a todos, mas sim a nenhum).

Disse-lhe que essa seria a sua posição, mas que atendendo à sua idade, que teria que colocar à consideração do filho mais novo essa sua disponibilidade, e assim foi. Reportei tudo o que se passara, ao meu irmão, e tal como eu (e talvez mais, naturalmente) ele sentiu que isso não seria correcto, pelo que não iria consentir que a mãe alheasse o património dela (que futuramente, após a sua morte será dele e do irmão) para fazer face às chantagens do irmão.

Esta é uma questão complicada e passível de diversas interpretações. De uma coisa não há duvida, não me cabe a mim emiscuir-me nestas questões, mas não me posso esquecer que entretanto, a qualidade da minha vida futura, poderá ficar seriamente comprometida.

Ora em ultima instância quem é que lhe deu as chaves para que ele ocupasse o espaço, com o qual nos chantageia? Não foi a mãe? Então não deveria ser ela a pagar esse valor? ou deverei ser eu?

Serei eu que terei a ter de pagar aquem usa algo que é meu há 11 anos? Não ... nem pensar!!

Claro que o meu irmão não concorda com essa interpretação, pelo que da irrepreensivel atitude na defesa dos interesses da mãe, me surgiu a seguinte questão: será que ele está a defender os interesses da mãe? ou os seus próprios interesses? será que não estará ele assim a impedir que a senhora gaste (como pretende) algum dinheiro investindo na sua qualidade de vida, dinheiro que após a sua morte, eventualmente (com muita sorte dadas as dificuldades com a banca) e após a venda do predio pudesse ser seu?

Juro que já tudo me passa pela cabeça. Assim, e neste momento a opção será a de colocar na rua, pelos meios de que dispomos, o chantagista, pois já que o predio não se vende, ao menos que estamos todos em iguais circunstâncias, ou seja, todos obrigados a suportar por sua conta as casas que temos ou não (e ele nem um quarto consegue pagar)!!

Esta situação conseguiu-me deixar-me indisposta. senti-me pequenina e de uma certa forma desiludi-me comigo, pois tenho a certeza que num passado recente jamais teria tido coragem para ter o este diálogo com a mãe dos meus irmãos, e por isso me coloco a questão: será que o dinheiro que temos na carteira pode influenciar as nossas condutas, os nossos comportamentos?

Penso que há tempos atrás talvez a minha situação financeira bastante mais agradável da que é hoje, me permitisse voltar as costas a tudo e desligar-me, mas não o podendo fazer, estarei errada ao lutar por aquilo que é meu e dos meus filhos por direito? Desligando-me da questão, quem disso beneficia? Claro que é o chantagista que continua instalado sem pagar renda.

Que poderia eu fazer? Ficava de braços cruzados a verificar que com essa inercia, a qualidade do meu futuro ficará (ou poderá ficar comprometido)?

Agora digam-me estas situações são normais? Acham que havia necessidade? Como é que se gerem essas coisas? desligo-me daquilo que é meu? Como? Como é que posso fazê-lo sabendo que tenho um marido que trabalha arduamente para nos proporcionar o que temos, mas que não temos mais, porque os familiares de merda que tenho, são mal formados e me querem impedir de tomar posse daquilo que é meu? isto não é revoltante?

Enfim, na proxima semana iremos estudar a estratégia para retirar aquele ergumeno daquele espaço, mas seja ela qual for, toda esta situação acaba por ser negativa para todos, mas será certamente pior para o chantagista que sairá em ultima instância com uma acção de despejo seguida de uma penhora aos seus 4,17% para pagamento das custas do processo a que deu azo!!

É triste ... mas com esta gentinha, só assim!!

Este é o exemplo de como algo que tinha tudo para poder ser positivo se pode transformar num grande litigio.

Aguardo as cenas dos próximos capítulos!!

7 comentários:

Anónimo disse...

querida filipa fico contente por si quando ficar livre destes problemas tão complicados . a Filipa tem razão de lutar pelo que é seu e dos seus filhos. um bom fim de semana beijinhos angelina

Anónimo disse...

Ai Amiga imagino o que te custou falar com a mae dos teus irmaos, principalmente sendo a questao tao melindrosa, sei agora porque dizes que tiveste um dia pessimo, nao e facil digerir tal situaçao, mas concordo, se ele nao assina para vender, tambem nao tera o direito de la ficar, ja que é ele que esta a inviabilizar todo o negocio que so beneficiaria a todos, so tenho pena da...tua sabes de quem mas a vida e mesmo assim, ele so vai colher aquilo que ao longo de tantos anos semeou.
Vamos esperar para ver o que se ira suceder durante as proximas semanas.

Desejo que tudo se consiga resolver pelo melhor mas daquele fulano ja se espera de tudo

Beijinho grande e quentinho porque de gelado ja basta o tempo

Patricia disse...

Que filme... mas eu também acho que não devem ceder a chantagens...

Boa Sorte :)

bjs

Susana Pina disse...

Li atentamente os teus dois ultimos posts.
Como costumo dizer, quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Tenho um primo nas mesmas circunstãncias, só que felizmente nunca chegou a estar preso, mas de chantagista com a intensão de adquirir dinheiro fácil, isso ele é mestre, e tem agora quase 50 anos e vive às custas da mãe e do padrasto.
Infelizmente não sei como te ajudar amiga, só sei que estás numa situação muito complicada e que ninguém queria estar no teu lugar. Infelizmente não podemos escolher a familia que temos não é?
Espero que ele ainda reconsidere, e que ainda vão a tempo de resolverem as coisas por forma a todos ficarem bem.
Um grande bj cheio de força para ti
susana

Ângela Vieira disse...

Xiii parece que vai ser difícil alguma resolução...
Se me permites eu penso que o teu irmão não concorda que a mãe pague ao chantagista por isso mesmo, ele fica a perder...penso que já est´a pensar na herança dele...

Espero sinceramnete que encontrem uma solução.
Beijocas!

Anónimo disse...

Olá querida Filipa, li a primeira e segunda parte desta triste história de vida, de uma pessoa que, pessoalmente, nem eu sei qualificar de tão ruim que é...imagino os teus sentimentos, não é fácil divorciarmo-nos destes sentimentos, de todas estas situações...e parece que quando o tentamos fazer somos sempre apanhadas nas malhas de pessoas que não merecem qualquer gratidão...
Obrigada por partilhares estas palavras connosco, imagino que não deva ter sido fácil para ti...
Beijinhos,Sofia,Pedro e Joana

Kelly disse...

Realmente, cada vez te admiro mais.
Aquilo com que tens que lidar de todos os lados... Eu não aguentaria. Mas sinceramente eu não pagava nada a esse cretino. Eu fazia uma acção de despejo e que vá para um albergue já que não se dá bem com ninguém...
Força amiga e dobretudo luta pelos teus direitos que serão dos teus filhos...