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sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A Chantagem

(Post escrito a 06/01)
Decorria o ano de 1997, quando o meu irmão mais velho (hoje com 65 anos) regressou do Brasil, após ter derretido uns milhares de contos (pois a mãe dele, deu-lhe a parte dela) que tinha recebido da venda de um imóvel que tínhamos em comum.

Vinha casado, doente, e com uma mão à frente e outra atrás. Abusivamente (característica que lhe é inata), foi habitar no último piso do prédio que detemos em Lisboa, como se fosse o único proprietário do bem, e não tivesse que prestar quaisquer satisfações a ninguém. A verdade, é que ele é (pensávamos nós), detentor de pouco mais de 8% da totalidade do bem, pois o restante é dividido entre pela mãe, irmãos e sócio.

Claro que ao tomar conhecimento da sua ocupação, não pude deixar de a condenar, mas a bem da verdade, a sua permanência naquele local não me fazia qualquer diferença, já que nem eu, nem os meus familiares próximos, precisavam daquele local, para o que quer que fosse!!!

É de salientar que este senhor nunca na vida trabalhou. Viveu sempre à conta do pai, que levou a vida a sustentá-lo a ele, e à família que ele entretanto foi constituindo. Adolescente, e como jovem adulto, tinha uma mesada superior à de qualquer chefe de família, circulava com carros topo de gama e dinheiro nunca lhe faltou.

Teve tudo, mas, talvez lhe tenha faltado aquilo que seria o mais importante ... o amor dos pais, que o recheavam de bens, provavelmente em detrimento de amor (digo eu)!!

Foi colocado a estudar nos melhores colégios e via o seu nome colocado no quadro de honra sem que para isso tivesse que ter qualquer empenho ou dedicação. Era muito inteligente, com uma inteligência acima da média, mas incapaz de a aplicar correctamente. Paralelamente, era também um elemento perturbador, e sempre pronto para arranjar problemas. As fugas das escolas onde era colocado, eram frequentes, e duravam o tempo necessário a que o dinheiro das chocantes mesadas o mantivessem longe de casa.

Os anos iam passando, e ele exigia ao meu pai, elevadas quantias em dinheiro dia sim, dia sim. Apresentava-se sempre com uma nova e idiota ideia para se estabelecer, e o meu pai, um homem que a pulso tinha criado uma empresa, tentava por todos os meios que o filho pegasse no negócio, mas a verdade é que ele, não queria nem ouvir falar em trabalhar.

O meu pai, um homem de origens humildes, mas sábio, foi sempre tentando proporcionar ao filho, todas as condições para que ele tivesse uma vida de sucesso. Tentou de tudo, mas em vão. Montou-lhe de raiz vários negócios na área da restauração, mas o resultado era catastrófico, pois ele, após a realização dos almoços, desaparecia com o dinheiro e tickets de refeição, inviabilizando assim, a existência de capital para a aquisição de produtos para a confecção das refeições dos dias seguintes. E lá ia o pai, injectar mais capital, para que a minha ex-cunhada pudesse abrir o estabelecimento.

Foi assim durante anos. Esta descrição é para que possam constatar (embora não seja naturalmente nenhuma novidade para vocês) que há muitas pessoas que se encontram a passar mal, não porque não tenham tido oportunidades, mas apenas e só, porque se recusam a trabalhar. Para além disso, parece que existem somente, para azucrinar a vida de quem os rodeia!!

Ora, a quem não trabalha, regra geral sobram muitas horas, que são consumidas de variadíssimas formas (a mim deu-me por exemplo para Blogar (menos mal)), mas o meu irmão, desafiando os princípios com que foi criado, e os exemplos que teve, deu-lhe para roubar .... sim isso mesmo ... roubar!!!

Iniciou a sua aventura com a simulação de assaltos à empresa do meu pai, e com a falsificação da sua assinatura. Depois, dirigiu-se a uma dependência bancária para levantar o cheque, mas teve azar, pois o gerente alertou o meu pai, que de imediato, mandou chamar a polícia.

Não contente com este episódio, optou por roubar os carros de uma determinada marca, a alguns cidadãos, nomeadamente a alguns banqueiros deste país, descaracterizava o interior das viaturas, trocava-lhes os motores, e inventou um selo branco, que dava guia de marcha à venda dos veículos.

A dada altura, algo corre mal. Foi apanhado e condenado a 4 anos de prisão!! O meu pai caminhava constantemente para a prisão, para visitar o filho rebelde, agora promovido a ladrão!! Foram tempos difíceis para o meu pai. Não deve ser fácil ver um filho detido!!

Os anos foram passando, e as chantagens do meu irmão não terminavam, pois exigia quantias absurdas ao pai, alegando que não lhe sendo dadas, iria ter de arranjar outra solução!! O meu pai, na esperança de que ele a qualquer momento tomasse o rumo certo, cedia (o incorformismo , leva-nos a um quase permanente estado de negação, que visa apenas a nossa própria defesa)!!

O meu pai chocava-se com as chantagens e imposições do filho, mas achava que não lhe restava alternativa, pois não se sentia capaz de passar pela vergonha de o saber a roubar!!

A revolta do meu pai, levou-o a afirmar sistematicamente que aquele filho, já tinha recebido a herança que lhe pertenceria, pois já lhe tinha passado muito dinheiro para a mão!!

Entretanto, o meu pai morre passados uns anos. Dinheiro vivo, não havia muito, havia sim património, que 32 anos depois, ainda nos mantém dependentes uns dos outros.

É essa dependência que se manifesta agora, mais latente do que nunca.

Presentemente, o meu irmão continua a habitar no espaço que é comum. Não recebe os seus 35,00€ (que é a fabulosa renda que a nossa invejada qualidade de proprietários nos proporciona), pois ficam "cativos" para pagamento da luz que ele consome no espaço que ocupa.

Não tem mais rendimentos, para além do parco rendimento da mulher. Vive no mesmo piso, mas em "apartamentos" distintos. O seu comportamento é irracional, pois tem um estilo de vida de um sem abrigo (vagueia diariamente pelas ruas de Lisboa às 5:00 da manhã, procurando beatas no chão e leva os dias a ir às Igrejas recolher alimentos), numa decadência chocante. Contudo, quem o ouça falar, só não julga que ele é dono do mundo, pela forma como ele se apresenta (mesmo á vagabundo).

Continua um insolente como sempre foi. Um homem egoísta, prepotente como nunca vi ninguém, chegando ao cumulo de não ter qualquer tipo de tolerância, condescendência, respeito ou solidariedade com o próximo. É um homem que vive num mundo que criou, um mundo só dele, já que neste mundo real onde vive, ninguém lhe fala. Os filhos adultos recusam-se a ter qualquer contacto com ele, bem como todos os outros familiares.

É notoriamente um homem com uma perturbação psiquiátrica grave, clinicamente designado pelos psiquiatras que o acompanharam, como um psicopata. Tem uma inteligência muito acima da média, mas utiliza-a apenas para fazer mal. Tem uma ideias luminosas, mas não as consegue concretizar, pois nasceu para dar ordens, não admitindo a ninguém que o mande fazer o que quer que seja. Por esse motivo nunca consentiu ter um patrão que lhe estabelecesse o que fazer nem que horário cumprir!!

Atendendo as miseráveis rendas que recebemos e aproveitando o facto de termos alguns andares devolutos, colocámos o prédio à venda. Assim tem estado, sendo o meu irmão o responsável por mostrar o prédio aos possíveis interessados, já que é ele que lá habita.

A verdade é que os pseudo-compradores saem de lá assustados, pois ter um "guia", com aquele aspecto e discurso, é assustador. Há 2 anos, estivemos prestes a conseguir vendê-lo, e foi nessa altura, que ele teve conhecimento que terá de dividir parte da percentagem que detém, com a sua ex-mulher, já que o meu pai faleceu, ainda ele estava casado com a minha ex-cunhada.

Assim, para mal dos seus pecados, lá terá de dividir os seus pouco mais de 8% com a ex-mulher, que tendo sido uma vitima nas suas mãos vem agora exigir o que é seu! Esta temática moralmente poderá ser discutida, mas legalmente não oferece duvidas.

Agora surgiu uma proposta de compra. Temos alguém que está disposto a comprar o prédio, e para além dessa ser a via para conseguirmos ter um bom dinheirinho nas mãos, é também a forma de nos vermos livres uns dos outros, pois esta relação de dependência já dura há 32 anos, para além de ser uma forma de não termos mais despesas de manutenção e conservação que como calculam, com 35,00/mês (a minha parte) é complicado de gerir.

Por circunstâncias do destino, coube-me a mim a tarefa de lhe dar conhecimento da existência dessa mesma proposta, e o mais incrível, é que, algo que há partida teria tudo para ser uma boa notícia, vem desencadear um situação constrangedora, pois o meu irmão responde nestes termos ao ter conhecimento da proposta:

" Ou me dão mais 22,000€ para além do que eu tenho direito, ou eu lixo-vos porque não vendo"!!

Assim, sem tirar nem pôr!!! Está assim a aproveitar-se do facto de termos permitido que ocupa-se o espaço, para descaradamente o considerar como um dado adquirido e exigir uma "indemnização" para abandonar o local (que generosamente permitimos que ocupasse)

Mas, o mais revoltante, é a forma arrogante e prepotente com que coloca a questão. Ele sempre soube que o prédio estava à venda. O processo de venda foi feito com a sua anuência e participação, pelo que a propósito é que agora, com uma real e concreta proposta de compra, ele vem impor as suas condições? Para que estivemos nós anos sem alugar (com o objectivo de facilitar uma futura venda e com as perdas mensais que essa situação implica) se afinal temos quem inviabilize o negócio?

Claro que ele quer vender .... mas fez as continhas dele e o dinheiro que lhe dava jeito ganhar era (x) pelo que, a quem incumbe pagar o diferencial, segundo a sua distorcida perspectiva, é a nós!!!

Isto não será abusivo? E sabem o que é mais "engraçado"? É que ele está convicto que ainda está a ser muito querido e simpático, pois SÓ pediu mais 22.000€ do que teria direito!!! Quanto o confronto com a descarada, injusta, revoltante, indigna, abusiva e arrepiante imposição, ainda teve a lata de me responder que isso não nos deixaria mais pobres, nem mais ricos!!

O quê? Mas que atrevimento!!! Mas quem é ele para fazer uma afirmação destas? Mas por alma de quem é que eu tenho que contribuir com dinheiro meu, para as suas exigências? Que culpa tenho eu e os restantes da desgraçada vida que leva, que ainda poderia ser bem pior se não tivesse um tecto para morar?

Agora pergunto eu .... a que propósito é que eu tenho de ter consideração, respeito e solidariedade com um gajo que nunca quis saber se eu comia se não comia, se tinha saúde ou não, se era viva ou morta? (eu tinha 3 anos quando o meu pai faleceu e ele tinha 33)

Ao abrigo de que valor eu tenho de lhe pagar o que quer que seja? Então ele está a utilizar um bem que é de todos, que caridosamente lhe dá tecto há 11 anos, e ainda utiliza a nossa generosidade para nos extorquir dinheiro? Mas que raio de homem é este?

Ele está há 11 anos a viver à borlex à conta do património dos outros e em vez de agradecer ainda nos quer chantagiar? Que nome bonito é que eu hei-de dar a este fulano?

Cada vez que falo deste assunto, fico doente, sinto-me mesmo a transbordar de ira, só me apetecendo partir-lhe a cara. Não é possível transcrever-vos a forma como ele coloca as questões. Fala como se fossemos nós, que estamos em divida para com ele. Afirma nada ter a perder, que já perdeu tudo o que tinha a perder, pelo que quem impõe as condições é ele.

Teve ainda o descaramento de me enviar um e-mail, dando-me conhecimento dos valores com os quais eu "tenho" (segundo ele) de contribuir, ou seja, para além de chantagista, vergonha é coisa que nunca lhe falta, pois até tem o atrevimento de chantagiar por escrito!!!

Claro que a minha posição está bem assumida. Perdida por cem, perdida por mil. Da minha parte ele NÃO receberá nem um cêntimo. Sou adepta do mais vale partir do que quebrar (sou assim, não há nada a fazer). A verdade é que não sendo possível concretizar este negócio, provavelmente jamais poderá ser concretizado (a banca agora (nos predios de risco pela existencia de rendas baixas, inquilinos e contratos antigos, apenas disponibiliza 50% do valor da avaliação, obrigando o comprador a ter dinheiro para suportar os restantes 50%, o que não é fácil de aparecer).

Cairão por terra todas as minhas esperanças de um futuro mais desafogado, que possibilitasse algumas regalias aos meus filhos, e a nós como família, mas seria incapaz de ficar de braços cruzados.

Eu sou muito tolerante, solidária, amiga do meu amigo, mas quando me pisam os calos, eu viro-me do avesso, e dificilmente permito que se fiquem a rir. Não sou vingativa, mas esta questão é demasiado importante para dela me desligar!!

Neste momento, encontro-me a aguardar que o nosso irmão e a minha madrasta, pessoas educadas e correctas, tenham uma reunião por forma a resolverem entre si este problema!!

Se o prédio não se vender ... também não vou permitir que lhe sirva de guarida por muito mais tempo!!!

Aguardo pacientemente, tão pacientemente ... que só me apetece ... ir-me a ele!!!

PS - Lembram-se de eu Vos ter falado que a propósito do André me terem alertado para a possibilidade de se tratar de uma questão genética? Pois, qualquer semelhança não é pura coincidência!! Só tive direito a heranças genéticas amaldiçoadas e problemáticas, porque dinheiro que é bom .... nada!! Não, isto não é verdade!! Houve um dia, que recebi um telefonema e me deram conhecimento que eu era herdeira de alguém que nunca vira (e era mesmo)! Um dia conto-vos tudo!!! A minha vida era digna de uma telenovela mexicana!!!

PS2 - Neste data (09/01) já se verificaram novos acontecimentos, que publicarei num proximo post

7 comentários:

Anónimo disse...

Ai amiga ao teu rico irmao so me apetece ajudar-te a ir-lhe as fuças.Ele e um aproveitador sem do nem piedade e ainda faz chantagem, triste vida a dele, que miseria de vida e de gente...
Mas estou certa que a tua padrasta e o outro teu irmao possam conseguir alguma coisa, vamos esperar pela reuniao de familia.

Beijinho grande

Sandra disse...

Que história! Como é que há pessoas assim tão más e que não souberam aproveitaram aquilo que tinham...

Só posso concordar contigo em tudo o que disseste a respeito desse Sr. Não cedas, 11 anos acho que não lhe dá o direito de fazer o que está a fazer.

Força, e estou a torcer para que tudo corra tudo de melhor para o vosso lado

Bjs

Patricia disse...

e como é "psicopata" será que ele não pode ser considerado como uma pessoa "incapaz" sei que isso tem um nome específico, mas de momento não me recordo...

bjs

Mae Princesa disse...

Oh amiga....Acho que devias dizer-lhe que lhe dás a guita, ele permite a venda e depois deixa-lo a arder!!!Como sabes, o meu gajo trabalha na REMAX poderá ajudar-te se precisares....Não precisas de ter um vagabundo a mostrar o prédio! Beijocas e força!!!
PS-Tens msn? adiciona o meu mail que tens.

Anónimo disse...

Ola Filipa!

Eu muito sinceramente fiquei chocada com o que li!!!

Acho que ficava possessa com a situacao mas,para me ver livre dos "problemas" acho que ate lhe dava o que ele quer.

Sei que e estupido mas ao menos o assunto ficava encerrado.

Beijinhos grandes e bom fim de semana.

Unknown disse...

Pois é Filipa... Realmente é impressionante como temos de nos cruzar com pessoas tão mal formadas ao longo das nossas vidas, ainda por cima sendo algumas delas da nossa família. Espero que consigas resolver a situação da melhor maneira possivel e que não te deixes prejudicar pelo oportunismo desse senhor. Acho que a tua posição está correctissima por isso mantém-a, pois ele nao pode levar a melhor!!

Um grande beijinho
Susana

Ângela Vieira disse...

A rapariga sem dúvida a tua vida dava mesmo uma novela!
Lamento mais essa situação...
Infelizmente nada fácil de resolver!
é triste quando tens um bem que te podia ajudar na tua vida com o teu marido e filhos e está ali "parado" sem que possas usufuir...
Esses €€ da venda ajudavam imenso...e ao teu irmão também mas ele é "torto"...

Lamento...
Espero que um dia tudo se resolva!

Beijinhos grandes e votos de uma excelente semana!
Ângela e Tomás