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domingo, 24 de agosto de 2008

Continuação do Post de 17 de Agosto

Aguardei de 17 até ao dia 24 de Agosto, dia em que tinha consulta com a minha obstetra. A data prevista do parto era 23, e por isso lá fui eu à consulta com as 40 semanas acabadinhas de fazer. Às 12:30 fez-me o toque, que me provocou umas pequenas dores, estava com 2 dedos de dilatação, pelo que fiquei com a recomendação de que se as “moinhas” continuassem, ir ter com a médica ao principio da noite ao Hospital São Francisco Xavier.

Saí da médica e fui passear pela feira de Loures. De seguida fui uma hora para a fila das Finanças, e sinceramente, aí, já não me sentia em muito boa forma, sentia-me muito cansada e dorida.

Regressei a casa e comecei a verificar que de 5 em cinco em cinco minutos tinha uma contracção. Chamei a minha amiga Susana para estar ao pé de mim, (este tinha sido um pedido que ela me fizera durante toda a gravidez). Eu estava calma, pelo contrário a minha amiga estava muito nervosa … e preocupada pois estávamos as duas sozinhas em casa.

Entretanto, a minha mãe, que eu já tinha avisado, regressava do seu trabalho para me acompanhar ao Hospital. O meu namorado tinha ficado de se encontrar connosco a meio do caminho. Fui admitida pelas 15:50 e ainda aguardei um pouco na sala de espera até me chamarem. Na sala estavam várias grávidas em diversos estádios de trabalho de parto, que conforme podiam, lá iam conferenciando sobre a possibilidade de lhes ser ministrada a epidural.

Aquilo que é hoje uma prática comum, era na altura uma excepção, digna apenas, das grávidas que eram seguidas pelos seus médicos particulares, que paralelamente faziam serviço no Hospital.

Eu limitava-me a ouvi-las, e a apertar os dedos do meu namorado com todas as minhas forças, sempre que vinha uma contracção. Ligaram-me ao CTG, e aí fiquei, sem exagero cerca de uma hora, sem a mínima assistência, limitando-me a estar a assistir a uma “conferência de médicos” em que, em amena cavaqueira, debatiam os prós e os contras, da ida de uma colega médica para o Golfo (estávamos em plena Guerra do Golfo).

Tinham-me dito que as contracções que eu apresentava eram falsas contracções (Braxton Hicks), pelo que eu, na minha inexperiência só pensava que se aquelas (que doíam bastante) eram as falsas … como é que seriam as verdadeiras (lol)!!! Cada vez que surgia uma contracção, agarrava-me à fita do estore que estava ao meu lado, e só pedia a Deus para que o parto se desenvolvesse rapidamente, porque aí … eu já estava expectante e ansiosa!!!

Quando o papel do CTG já encaracolava no chão, lá se dignaram a vir ver como é que eu estava …. E “surprise” aquilo que seriam inicialmente as falsas contracções, passaram a verdadeiras, pelo que só ouvi gritar: “ … mas o bebé está quase a nascer, você consegue andar?” Fiquei estupefacta com a pergunta, pelo que respondi que sim (mas sabia lá eu, lol). Mandaram-me para a casa de banho, vestir a bem dita batinha maravilha e tomar um banho. Lá fui, e pese embora estivéssemos em pleno mês de Agosto o certo é que apareci na sala de espera para entregar a roupa, a bater o dente de frio.

Fui a andar em passos largos agarrada ao suporte do soro, "empurrada" por uma enfermeira … que estranhamente, ainda estava mais nervosa que eu. Entrei na sala de partos … e a primeira coisa que me aconteceu foi desatar aos vómitos, pois a sala que dava para duas mamãs, já estava ocupada com uma mamã em pleno trabalho de parto.

Aquele ambiente enervou-me … mas embora tivesse vontade de virar costas e vir-me embora … o certo é que já não havia como … o bebé tinha que nascer.

Lá me instruíram que quando sentisse uma contracção fizesse força. Nem imaginam o caricato da situação de ver 2 enfermeiras aos pés da cadeira de partos a falarem uma com a outra calmamente, enquanto esperavam que eu tivesse a contracção seguinte!!!

Passadas algumas contracções, e muita força, vejo a enfermeira vir direita a mim, com uma tesoura … pelo que pensei … é agora que eu vou amarinhar pelas paredes acima, realmente ainda tive tempo de soltar um “ai” e eis que surge o meu bebé, a chorar a plenos pulmões, marcava o relógio 17:40h do dia 24 de Agosto! O André pesava 2850 Kg e media 47,5 cm. A primeira pergunta que fiz foi quanto é que media, ao que me responderam que media 35 cm. Para ser sincera, nem tive a percepção do que seriam 35 cm, isto porque embora fosse um bebé pequeno (percentil 25-50) achei-o perfeitamente normal, pelo que não dei importância alguma à informação que me deram.

O certo é que quando a minha mãe e o meu namorado regressaram ao hospital após uma breve saída para lancharem (nunca pensaram que fosse tão rápido), ainda tiveram a oportunidade de nos verem, enquanto nos transferiam para outro piso. Eis senão quando, a minha mãe, que só tinha visto a cabeça e tronco do André, pergunta quanto é que ele mede, e eu respondi 35 cm.

Foi o suficiente para que se tenha criado logo uma grande confusão, com a minha mãe e afiançar que então o menino não era normal, e o meu namorado a desesperar pois tinha visto a André e afiançava que era um bebé normalíssimo! Afinal os 35 cm era a medida do perímetro cefálico!! (lol)

O parto em si foi rápido e sinceramente, correu bem, pese embora, tenham surgiram algumas dúvidas relativas à placenta, que demorou muito tempo até ser expulsa, e só depois de muito me “espremerem” é que os médicos chegaram à conclusão que tinha saído na totalidade. Quando a minha médica entrou ao serviço já o André tinha nascido, para grande espanto dela, que nunca pensou que tudo se desenvolvesse rapidamente

A partir daqui, começou não uma bela história de vida …. Mas um verdadeiro “tormento” … o André em 24 horas dormia uma hora (fazendo sonos de 5 minutos) e acordando a chorar consecutivamente e num choro desesperante. Confesso que foram várias as vezes que nos deslocámos ao Hospital, os exames realizados davam conta de uma criança fisicamente bem, mas muito nervoso.

A solução foi ministrar-lhe o Gabisedil, com 3 dias, que é um medicamento para acalmar. Ele não acalmava nem parava de chorar. As estratégias foram as mais diversas, sempre sem sucesso … as enfermeiras tentavam acalma-lo e nada, as vizinhas idem …. Nunca ninguém conseguia, ele só se calava quando já estava exausto de tanto chorar.

A forma que eu tinha para o adormecer era colocá-lo na cama de bruços (ele não gostava de estar ao colo) e dar-lhe palmadas na fralda, mas por incrível que vos possa parecer, as palmadas que ele me “obrigava” a dar-lhe, eram tão fortes que a vizinha de baixo ouvia, e o certo é que enquanto lhe dava as palmadas ele ia-se embalando, quando eu parava, ele chorava desalmadamente. Ainda hoje, a vizinha velhota fala do estranho que era ele calar-se enquanto lhe batia na fralda e berrar insistentemente enquanto as batidas eram suspensas, lol!!

Ainda hoje o meu filho para adormecer, deitado na cama, eleva o tronco e bate com a cabeça consecutivamente na almofada, como que, embalando-se. Durante a noite quando não está num sono profundo, isso também acontece, com batidas ritmadas, parecendo estar a ter uma qualquer crise (é um bocadinho assustador)!!

Houve alturas, pelos seus 6,7,8 meses em que se encontrava sentado na espreguiçadeira caladinho a brincar com os brinquedos e bastava olharmos para ele, para desatar num pranto, pelo que, nem sequer nos era permitido brincar com ele, admirá-lo, contemplá-lo. Pode parecer duro e insensível eu dizer isto …. Mas a verdade é que devido ao seu comportamento nunca nos foi possível viver em pleno a felicidade de o termos.

Sempre foi um menino bonito, diziam as pessoas, que era bonito demais para ser um menino, mas sempre foi muito instável, nervoso e irritadiço!! Tenho tanta pena que assim tenha sido … sinto que na verdade não me foi possível ser mãe em pleno (mas não me sinto culpada, pois ninguém o conseguia acalmar), mas tenho pena não tanto por mim, mas mais por ele … creio que o grande prejudicado foi ele mesmo, pois podia ter vivido a sua infância e agora adolescência de uma forma serena, e isso não aconteceu.

Pergunto constantemente porque é que tinha de ser assim? Terá sido castigo por uma gravidez ocorrida prematuramente? Se o foi, não foi um castigo justo, uma vez que não fui a única a sofrer com a situação!!! Claro que com o tempo a situação melhorou em determinados aspectos … ele passou a ser uma criança muito comunicativa, brincalhona, extrovertida, alegre, mas a personalidade estava lá … sempre muito teimoso, agressivo, indisciplinado, rebelde …. nessa altura pensámos que teria mau feitio, e que aos poucos o conseguiríamos moldar …. mas infelizmente isso nunca veio a acontecer …. O resto vocês já sabem!!!!

4 comentários:

Sandra disse...

Filipa:

Foi sem dúvida a maior e mais emocionante "aventura"(não sei se será o nome mais adequado) em que participáste!

Eras tão jovem, mas determinada!

Ter um bebé aos 16 anos foi um acto de muito amor e coragem.

Espero, sinceramente, que a maioridade do André lhe traga paz de espírito, saúde e muita maturidade... a fim de conseguir distinguir o bem do mal... a fim de optar pelo caminho certo ao lado da familia que muito o ama.

Força amiga, o dia de amanhã é de ESPERANÇA!!!

Nunca é tarde para recomeçar.


Beijo grande


Sandra

Anónimo disse...

Entao mas o teu blog ja nao esta privado?
Eu entrei e na fiz o login!:s

Epa...essa parte das palmadas e de ainda,ele ter que bater com a cabeca na almofada e assustador,sim senhor!:(

Nao consigo imaginar um bebe a chorar 23 HORAS!!!! Acho que ficava passadinha de todo. Deve ser muuuuuuuuito dificil!

Bjs...vou ler o post de cima

MamãdaDiana disse...

Tal como a "SAMMY E MAMA" eu já uns tempos que entro e não preciso de por o mail e a minha passe, basta carregar no link que tenho no meu blog e tenho acesso automaticamente...

Este é um post emocionante... De certo não aproveitaste o André, como aproveitas a Rita e o Diogo! Mas não te podes culpar, aliás acho que ninguem tem a culpa... O andre nasceu assim...

Tambem eu tive uns dias assim com a diana logo após a nossa saida do hospital. Assim que entramos em casa, a Diana parecia outra, deixou a bebe calma no hospital, e veio uma bebe muito nervosa e chorona.. Mas acho que nada comparado com o André! Entretnto as coisas foram melhorando, quandro entrou para o infantario..e hoje é uma criança normal... Penso que na altura não fui o melhor exemplo, de mãe calma.


Beijinhos e força amiga, não te podes culpabilizar... Se a culpa fosse tua hoje a Rita e o Diogo, não eram tão saudaveis e traquinas...

Tens três filhos lindos!

Patricia disse...

Bem isso é que foi uma "aventura" e pêras, hein?