Soube, através do Blog da SA que hoje se comemora o Dia Mundial da Contracepção! Ora eu, que fui mãe adolescente, não por ignorância, mas pela urgência que a paixão suscitou, e pela excelente pontaria que tivemos (lol), dou uma grande importância a este tema.
Como mãe, senti desde logo necessidade de explicar ao meu filho a temática da sexualidade. Não queria que ele ficasse com ideias erradas, que lhe fossem transmitidas pelas conversas que naturalmente teria com os amigos.
Comprei literatura (a que está na foto) adequada à idade dele (8 anos), e vai de lhe começar a explicar. Nunca me abstive de dar aos orgãos genitais os nomes que usualmente são utilizados, mas a literatura causou-me alguns embaraços.
Lembro-me que estavamos os dois sozinhos em casa, deitados na minha cama e eu pego no livro e começo a falar com ele, seguindo o texto e as ilustrações. A dada altura, o livro explicita: Para que a mulher engravide é preciso que o pénis do homem seja introduzido na vagina da mulher. Não sei se estão a imaginar a cara de escândalo do miúdo a olhar para mim (com um ar de nojo) lol, e eu, senti-me corada até mais não, e juro-vos que se tivesse ali um buraquinho bem o tinha utilizado!!
Eis que naquele instante , sentimos a porta de casa a bater, e dirige-se a nós o meu marido (bem mais conservador e que jamais se sentiria á vontade para abordar estes temas, lol). O André assim que vê o pai à entrada do quarto em vez do habitual, Boa noite .. eis que diz: oh! pai, tu não tens vergonha de teres posto o teu penis na vagina da mãe?
O meu marido ficou de todas as cores possíveis e imaginárias e eu, eu percebi logo ali, que era melhor esperar mais uns dias para acalmar a euforia da lição agora apreendida.
Sempre falámos abertamente do tema. Expliquei-lhe tudo o que sabia, e cedo soube que o meu filho iniciara o seu relacionamento sexual. Ele falou comigo sobre isso, pelo que, quando confrontada com essa, quanto a mim (prematura) realidade, achei por bem que ele tivesse uma consulta de planeamento familiar.
Acho que o planeamento familiar interessa aos dois, independentemente de se tratar de uma rapariga ou um rapaz. Na educação dos meus filhos não faço diferenças. São educados da mesma forma (naturalmente respeitando a personalidade individual de cada um deles) e às vezes temos que fazer algumas adaptações, mas quando à base educacional é efectivamente a mesma!!
Dirigi-me ao centro de saude da área de residência e pedi uma Consulta de Planeamento Familiar para o André. Marcaram-me a consulta sem qualquer comentário ou reacção. O André foi à consulta e eis que passado uns dias recebo a conta da consulta para pagar. Desloquei-me lá afim de contestar o pagamento, uma vez que a consulta de planeamento é gratuita.
Nem imaginam o ar de espanto das funcionárias administrativas quando eu fundamentava a isenção da consulta. Fizeram-me perguntas como: Mas consulta de planeamento para um rapaz?, Desculpe mas nao é normal, aqui no centro de saúde é a primeira vez que acontece!!
Ora esta situação não ocorreu há 20 anos atrás, mas sim há 4. E em pleno século XXI ainda é assim que parte (provavelmente uma fatia ainda muito significativa) da nossa população entende o planeamento. Continua a ser um problema unica e exclusivamente das meninas/mulheres.
A partir dessa altura, o André pôde recolher preservativos gratuitos no Centro, e possui Boletim de Planeamento familiar. Atendendo à sua personalidade, duvido muito que os utilize, provavelmente só se lembrará que os deveria ter usado, após o acontecimento, mas enfim!!
Como mãe mais do que uma gravidez indesejada, preocupam-me bastante as Doenças Sexualmente Transmissiveis, pois creio que dentro em breve, as consequências dos comportamentos de risco adoptados pelos nossos adolescentes, aparecerão e serão devastadoras!!
Infelizmente, os tempos mudaram. Hoje em dia, os jovens olham um para o outro, e saltam a fase encantadora do namoro, da exploração e do conhecimento, para a "parte" que quanto a eles é a unica que interessa ... a sexual. Hoje de manhã foi com a Marta, à tarde a Joana, e amanhã, será concerteza uma outra qualquer!!!
São relacionamentos promíscuos em que só interessa e tem valor ... o sexo, pelo sexo, sem encanto e sem sentimento!!
Eu só pergunto, se uma menina (que são na maioria das vezes piores e mais assanhadas que os rapazes), engravida, como saberá quem é o pai? isto não é uma tristeza? E se a gravidez é detectada tardiamente, e a criança nasce, como conseguirá a menina, comunicar no registo civil o nome completo do pai, se ela própria não sabe, pois a relação foi esporádica, e não ouve tempo para saber o Apelido?
Desculpem pôr as coisas nestes termos, mas falo com muitas jovens (algumas delas intituladas como meninas betinhas), cujos pais ainda não as deixam sair à noite nem ir à discoteca sem ser na sua companhia, e já tiveram mais relacionamentos, que eu sei lá. Os pais continuam a acreditar na virgindade das meninas ... talvez por hipocrisia, vergonha ou embaraço, em aceitar a realidade!!
Como Educadores, creio que nos cabe um relevante papel em "tentar" sensibilizá-los para a problemática do problema!! É essa a nossa função!! O resto cabe-lhes a eles!
E como esposas será este tema importante? Há realmente temas muito delicados de que ninguém gosta de falar, mas o que é certo é que as coisas acontecem. Mas por a realidade poder ser tão cruel, preferimos, as mais das vezes, não falar deles.
No fundo, acabamos por adoptar a mesma postura dos jovens ... e ficamos adormecidas pela convicção de jamais isso nos irá acontecer. Acreditamos que jamais o nosso marido nos faria uma coisa dessas ... Jamais!!
Espero sinceramente que jamais o meu marido "pule a cerca", e só peço que, se alguma vez ele elouquecer (por querer trocar uma preciosidade como eu) por uma outra qualquer (lol) consiga manter a sanidade necessária, primeiro, para usar o preservativo, e depois para me acompanhar à conservatória para formalizar-mos o divórcio!!!
Slogan à minha maneira: sejam homenzinhos, usem preservativos!! lol
Beijocas